sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Peripécias de um ônibus nada clandestino.



Todos os dias por algum meio você se locomove para mover mais que uma vida, um objetivo, um caminho a seguir. Dentre os meios que mais possibilitam essa rotina de um próximo dia é o "bus", coletivo, queiram chamar como queiram. Este que nos faz permanecer frações de segundos que demoram uma hora infinitesimal, mas que quando o usamos posso dizer que várias situações são criadas, ocorridas e reveladas naquele grande veículo que se torna minúsculo na imensidão de corpos jogados para desafiar o princípio da impenetrabilidade. Corpos que se encontram desajeitamente de uma maneira indesejável e incômoda na procura de um espaço que caiba você e suas idéias. Coisas incrivelmente fétidas fazem parte deste mirabolante quotidiano. Houve um dia em que um homem entrou e como que um "joão mole" (coordenação zero, embriagado de sua não sei razão) ele ia de encontro com cada parte do automóvel seguindo criteriosamento todos os movimentos e caído ao chão como um "sem eira nem beira" se pôs a durmir com uma chave de carro na mão e uma vida jogada a um palco de pessoas impressionadas com a capacidade de seres da mesma espécie. Sem aplausos, nem vaias, mais um perdido na sua exatidão de não saber o que fazer com o mais valioso que possuimos, a arte de viver e sobreviver aos desafios que ela nos impõe nessa tal abstração da busca de uma felicidade cheia de incógnitas e contemplação. Outro dia iam sentadas uma mãe com um bebê e uma criança na cadeira ao lado. O vai-e-vem fez um rebuliço na criança que a mesma sentiu vontade de execrar o que não queria mais pertencer a ela, sua mãe com a paciência esgotada de quem tem que acordar de madrugada para dá de mamar, colocar café do marido na mesa às 6:00 da manhã e ainda sair para trabalhar falou de forte entonação: - coloca logo tudo pra fora menina! E a menina na agonia de sua sensação disse:- Mãe eu não consigo, não quer sair. Vozes da mãe e da menina se confundiam com o desejo de ambas da pressa da calma. A menina força e reforça até que finalmente chega o momento de alívio e fim da pressão do seu estômago e de sua genitora. Como essas, cada impulso dado aos pés para subir as escadas e conseguir seu espaço são vistas de vistas cobertas muitas outras que nos chamam atenção. São tantas situações, tantas histórias, tantas "emoções"...Só quem anda sabe.

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"Entre mim e mim, há vastidões bastantes para a navegação dos meus desejos afligidos." Cecília Meirelles